Assim como, desde 2019, Santos já possui uma Lei que visa auxiliar no desenvolvimento do empreendedorismo de pessoas negras, agora é a vez de outra cidade do litoral paulista. No dia 13 de Janeiro de 2021, foi noticiado que Guarujá também está comprometida com o empreendedorismo negro.
A proposta recebida pela Prefeitura Municipal de Guarujá é baseada nos mesmos moldes da Lei de Fomento ao Afroempreendedor, da cidade vizinha, que foi criada juntamente com o Instituto Luther King (ILK) ( em concordância com o Estatuto da Igualdade Racial (Lei Federal nº 12.288/10).
…eu vi uma necessidade. Eu falei assim: “eu acho que não tem ninguém aqui na minha cidade que trabalhe com este tipo de cabelo. Eu vou começar” Aí eu montei um espaço pequeno, comecei primeiro no quintal com uma cadeira, um espelhinho. Fui pra varanda e depois eu fui montando aos poucos este espaço.
Jacira Rosa – Proprietária da marca Eu ❤ Turbantes, moradora de guarujá
E, para conhecermos um pouco mais a respeito deste avanço para o afroempreendedorismo negro em geral, e do Programa de Empreendedorismo Negro no Município de Guarujá, entrevistamos Marcelo Oliveira – Presidente do ILK.
Marcelo, primeiramente, poderia se apresentar por favor? Conte-nos um pouco a respeito da sua trajetória profissional, sobre o Instituto Luther King e Reafro.
MO: Marcelo Oliveira Martins dos Santos, coordeno a Rede de Afroempreendedores Baixada Santista (Reafro) e sou o atual Presidente do Instituto Luther King
Sou Administrador por formação e fiz uma Pós-graduação em Gestão Estratégica de Negócios pela Universidade Católica de Santos.
Iniciei no Movimento Negro pelo projeto Educafro Curso Pré-vestibular comunitário em 2003, entrei na Universidade em 2004 no curso de Administração de Empresas. Na graduação percebi que os empresários brancos tinham privilégios para fomentar seus negócios e captar recursos, além de ter acesso a informações privilegiadas. Após minha formação conheci a Rede de Afroempreendedores, que iniciou a sua formação em 2013, cujo o objetivo inicial era descobrir quais eram as características do empreendedor negro brasileiro, onde eles se concentram mais e quais os tipos de negócios que eles desenvolvem, além de descobrir o perfil sócio econômico.
Antes de falarmos sobre o Programa de Empreendedorismo Negro no Município de Guarujá, poderia, por favor, nos contar como foi o processo da ideia, criação da Lei em Santos até finalmente a aprovação?
MO: Represento a Reafro Baixada Santista e a ideia é trazer diretrizes da Rede, adotadas em outros municípios. Em 2015 ainda, a Prefeitura de São Paulo, com o governo Haddad, aprovou na Câmara uma lei de fomento ao afroempreendedor, a pedido da Reafro Nacional. Pegamos boa parte do modelo do Projeto de Lei aprovado em São Paulo, apresentamos em Santos e tivemos êxito, no final do ano de 2019. Em 2020 repetimos a ação na cidade do Guarujá, que com o envolvimento do Prefeito, acolheu o projeto de Lei e aprovou na Câmara.
Agora, com relação ao Programa de Empreendedorismo Negro no Município de Guarujá. Como se procedeu? Algum motivo em especial levou esta medida ao município?
MO: Após a Criação do Plano Municipal de Igualdade Racial em Guarujá, no ano de 2019, emergiu uma série de projetos para ampliar a atuação dos afrodescendentes no município de Guarujá. Vale lembrar que o município tem muitos empreendedores e a maioria da população é composta de negros e pardos, cerca de 57 %.
E quais são os próximos planos do ILK e da Reafro para a região da Baixada Santista?
MO: Nosso próximo passo é criar uma Rede Municipal de Afroempreendedores, tanto na cidade de Santos, quanto na cidade do Guarujá, para conhecer o perfil socioeconômico desses empreendedores, interagir com os negócios e fazer com que as políticas de fomento ao empreendedor nos município sejam devidamente direcionadas.
Sabemos que a maioria dos empreendedores negros moram e mantem seus negócios nas periferias dessas cidades. Temos a convicção de que se conseguirmos fortalecer os empreendimentos dos negros, conseguiremos fortalecer essas comunidades, que mais precisam da atenção do Estado e alavancar a economia do município.
No caso de pessoas negras afroempreendedoras de outros municípios, outras regiões, ou mesmo de outros Estados, que se interessem em difundir a mesma medida noutros lugares, qual o primeiro passo? O ILK ou a Reafro prestam este auxílio?
MO: Sim. Temos um modelo de aplicação do Projeto de Lei e estamos adaptando um modus operandi da execução da Lei nos municípios. Cada município tem a sua peculiaridade, entretanto conseguimos interagir com o poder público e auxiliar no desenvolvimento de ações para captação e formação de empreendedores e agentes públicos.
Pra terminar, Marcelo, como é possível te encontrar? Gostaria de deixar algum meio de contato?
MO: Nosso Instagram @reafrobaixadasantista
E-mail : contato@ILK.org.br
Site : www.ilk.org.br
WhatsApp: (13) 98829-3126